COPLACANA INVESTE NA NOVA GERAÇÃO

Cooperativa busca aproximação com adolescentes e jovens que são o futuro do cooperativismo e do agronegócio

Estar conectado com o produtor rural é uma das missões da Coplacana, mas, afinal quem é este produtor rural? Quando pensamos em trabalhadores do campo, o nosso imaginário nos leva a desenhar uma pessoa mais velha que iniciou o trabalho na agricultura influenciada pela família e possui anos de experiência na profissão. Entretanto, hoje, podemos dizer que este perfil está mudando. Cada vez mais, jovens da geração Y e Z estão ocupando espaço neste grupo transformando a cara do agricultor rural brasileiro. Segundo informações levantadas pelo Censo Agropecuário realizado pelo IBGE em 2017, jovens entre 25 anos e 35 anos já correspondem a 9,48% da população rural.

JOVENS COPLACANA


Crédito: Arquivo pessoal.

Dentre os participantes deste grupo está Victor Sanches, que aos 28 anos está à frente da administração e de toda a operação da fazenda de sua família. O jovem utiliza a sua formação em engenharia agronômica pela ESALQ (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) para agregar novos conhecimentos e técnicas ao exercício da lida com a cana-de-açúcar, pecuária e avicultura de corte, trabalho já executado pelo seu avô e tio maternos.

“Desde criança sempre gostei de estar no sítio com a minha família. Quando fui escolher o curso na universidade, pensei em uma área em que pudesse trabalhar com o agro. Em um primeiro momento, não tinha ambição de assumir a propriedade, mas quando surgiu a oportunidade de trabalhar com a minha família, não pensei duas vezes”, explica Victor.


Crédito: Arquivo pessoal | Sítio Descalvado da família do Victor Sanches.

E pensando neste cenário que a Coplacana sentiu a necessidade de estabelecer uma conexão com esta comunidade específica. Ao procurar jovens agricultores para participar do YAMI – Youth Agribusiness Movement International (Congresso de Jovens do Agro), a cooperativa percebeu que é indispensável manter um canal direto com este grupo visando aproximá-los do mundo do agronegócio, e, consequentemente, trabalhar a questão da sucessão familiar, assunto que permeia as famílias rurais. E assim nasceu o Núcleo Jovem Coplacana, uma grande rede de troca de ideias e experiências entre jovens e adolescentes, filhos e netos de produtores rurais.


Crédito: Arquivo pessoal.

Acredito que a minha geração pode contribuir muito com a agricultura completando aquilo que já é feito pelos mais velhos.

A liderança dos negócios familiares não aconteceu do dia para a noite. Após a sua formatura, em 2014, o jovem piracicabano se aventurou em trabalhar em outras áreas como consultoria agrícola e vendas de produtos veterinários. Só no final de 2017, Victor renunciou ao seu trabalho e foi auxiliar o avô no trabalho quando as terras da família deixaram de ser arrendadas.

Ele procura sempre trazer novidades que auxiliem na administração do sítio Descalvado. A união das inovações tecnológicas e os conhecimentos adquiridos na universidade ajudam o jovem a deixar a sua marca no legado da família.

“Acredito que a minha geração pode contribuir muito com a agricultura completando aquilo que já é feito pelos mais velhos. O pessoal mais jovem está levando a tecnologia para o agro e isso é ótimo, afinal, as coisas estão sempre mudando muito rápido e precisamos acompanhar para manter a produtividade e rentabilidade necessária no negócio. E aqueles jovens que estudaram na área de agrárias podem trazer para o campo inovações na parte de produção, operações, uso de produtos novos e a diversificação produtiva”, completa.


Crédito: Arquivo pessoal. Victor Sanches um dos integrantes do Núcleo Jovem da Coplacana.


Crédito: Arquivo pessoal. Família reunida no embarque do gado para o abate.

Na propriedade em que trabalha, o rapaz mudou alguns processos do dia a dia como forma de evitar o desperdício, controle de compra e venda de materiais e produtos. Também trouxe novidades para a área de gestão que antes era feita de maneira manual e agora todo o procedimento é realizado por softwares e aplicativos. Victor afirma que no início seu avô e tio ficaram receosos com as mudanças, mas ele sempre procura aproximar as ferramentas dos seus parentes explicando o passo a passo dos métodos.

“Precisa ter bastante diálogo, as mudanças vão acontecendo gradualmente. Por enquanto só eu uso as tecnologias, meu avô e tio ainda preferem a forma mais antiga. A ideia agora é continuar o trabalho da minha família sempre melhorando e crescendo. Desenvolver mais a fazenda, incrementar a produção preservando aquilo que é nosso. Não tenho desejo de voltar a trabalhar em outros lugares”, diz.

Assim como Victor, o jovem goiano João Vitor Nogueira, de 31 anos, dá continuidade à profissão da família que há três gerações está no agronegócio. Começando com o seu bisavô, passando para o seu pai que se formou como engenheiro agrônomo no interior de São Paulo, migrou para Goiás e continuou trabalhando com agricultura.

“O contato com o campo aconteceu desde que nasci, seja na fazenda dos meus pais ou do meu avô. Sempre estive envolvido neste meio rural. Lembro que aos finais de semanas gostava de andar nas lavouras de soja e milho com o meu pai e observar o serviço, o que precisava ser feito. Tudo isso me estimulou a escolher, na hora do vestibular, essa profissão tão bonita que a minha família exerce. Os meus pais me deram liberdade total para optar por outros caminhos, mas como a convivência com o agro sempre foi muito presente, tanto eu como a minha irmã pegamos gosto“, comenta.


Crédito: Arquivo pessoal. João Vitor Nogueira no campo.

Aos poucos, o jovem traz novas formas de fazer o trabalho que é exercido pela família há três gerações, que somado a experiência do pai fazem o negócio da família evoluir.

João Vitor se formou, em 2012, em agronomia pela Unesp (Universidade Estadual Paulista). No ano seguinte, seguindo o conselho de seus pais que sempre o incentivaram, o jovem participou e passou em processo seletivo de uma empresa multinacional e iria mudar para São Paulo para começar em seu novo emprego, porém, o pai fez uma contraproposta. Exercer um cargo com mais responsabilidades do que o oferecido pela companhia, porém, ter mais chances de adquirir novos conhecimentos e de crescimento.

No negócio familiar, ao lado do pai e da irmã, ele é responsável pela produção agrícola de grãos e de cana. Aproveitando todo aprendizado e a vontade de fazer um trabalho bem feito, João Vitor já trouxe inovações para a fazenda como um programa de monitoramento de pragas que ajudou a reduzir em 30% a aplicação de defensivos agrícolas na produção.


João Vitor e o seu pai José Antonio Nogueira, cooperado da Coplacana.


Pai e filho juntos pelo agro.

“Após o sucesso do programa de monitoramento, meu pai ficou mais aberto a novas ideias. Falou que caso eu queira propor outras novidades, podemos separar um espaço para ir testando aos poucos para ver como serão os resultados. Também já propus o uso de programas que auxiliam na parte financeira pela qual ele é responsável. Já testamos alguns, mas ainda não deu certo, estamos em fase de aperfeiçoamento”, reforça.

Aos poucos, o jovem traz novas formas de fazer o trabalho que é exercido pela família há três gerações, que somado a experiência do pai fazem o negócio da família evoluir.

“Existem diversas vantagens em se trabalhar com a família. Fazer o que a gente realmente gosta, estar em contato constante com os familiares, ter a liberdade de propor novas ideias, crescer profissionalmente e construir um patrimônio”, finaliza.

Princípios cooperativistas, transparência, novas tecnologias do agro, aproximação do jovem com o agronegócio e sucessão familiar serão as pautas principais do Núcleo Jovem Coplacana. O fórum será um espaço destinado aos jovens entre 16 e 35 anos que estão ainda decidindo o que vão fazer ou já estão se formando, mas não sabem como assumir o negócio da família, por medo ou desinformação. No Núcleo, eles vão ser a principal voz e terão liberdade de discutir suas questões como dificuldade em trazer mudanças positivas e falta de credibilidade por conta da idade com pessoas da mesma faixa etária. Eles vão poder interagir mais o setor do agro por meio de palestras sobre diversos temas desde produção vegetal até administração de propriedades. Com a iniciativa, a cooperativa pretende unir jovens de todas as filiais espalhadas pelo País. O segmento será lançado na 7º edição da Copa Campo, que este ano acontecerá online.